segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Noite de lobos

                                                                               

                                                                              Noite de lobos


Bem antes de começar a relatar o que aconteceu naquela noite mágica quero dizer-vos que esta não é uma pesca recente mas achei a mais indicada para fazer a abertura do meu blogue.

Esta foi uma pesca de ultima hora, não tinha nada preparado, tinha somente um bichinho cá dentro a remoer e a remoer, enfim lá fiz a vontade ao vicio e cravei o material dentro do meu Fiat que com a quantidade de quilómetros que já fez em terra batida mais parece um Patrol.
Preparei as coisas minimamente mas ainda me faltava o essencial, aquilo que nunca pode faltar numa jornada de pesca, o que será ? Pois é, ainda faltavam as iscas mas como podem imaginar as vinte horas da noite o único sitio onde podia safar umas belas e frescas iscadas era junto ao mar.
Eram cerca das vinte e uma da noite liguei ao meu parceiro, aquele tipo de amigo que gosta sempre de uma aventurazinha de ultima hora, combinamos um café express e depois disso arrancávamos para ir apanhar a ementa da noite.
Dito e feito, eram perto das vinte e duas da noite e já nos encontrávamos na " fonte ", dei-lhe o nome de fonte porque as iscas lá abundam, meia hora de costas dobradas e já tínhamos caranguejos Moura para enganar-mos uns peixes.


Por volta das vinte e três horas abordamos o primeiro pesqueiro, o mar tinha alguma força, percebia-se bem pelo seu trabalhar, montei apenas uma cana e fiz um lançamento só com chumbo para saber realmente se conseguíamos pescar mas como calculei corria muitíssimo para norte, insisti mais duas ou três vezes e disse ao meu parceiro para começar a arrumar a tralha que íamos desalvorar para outro poiso.
Assim aconteceu, chegamos ao meu cantinho, a praia onde comecei a pescar com o meu avó, Mestre Raul como lhe chamam aqui na terra, homem de grandes saberes no que toca ao mar.
Metemos os pés no areal e a praia estava deserta como sempre, como eu gosto, quando vou a pesca gosto de relaxar e muita gente é feira certa, para mim não dá, enfim, montamos a tralha toda, desde canas, a carretos, tabuleiros, um banco improvisado com um balde e feito isto tinha duas canas a pescar, ambas com o caranguejo moura.
Conversa para aqui, conversa para ali, falávamos sobre peixe grande mais especificamente douradas, o meu parceiro nunca tinha tido o prazer de assistir ao  picar de uma verdadeira rainha do mares, sparus aurata.
A conversa estava boa até a minha Daiwa Shorecast de 4,20 dobrar completamente e interromper o momento, batimento cardíaco elevado, dei um sprint que me fez lembrar os tempos da escola básica e disse para mim mesmo, porra Miguel não corres assim há quanto tempo ?  eheh 
Estava a luta iniciada, cabeçada para a direita, cabeçada para a esquerda, era sem duvida uma boa dourada, como estava ainda "verde" a trabalhar com fio fino (0,20) não quis apertar muito e fui acompanhando o ritmo do peixe, após alguns minutos já via a cor prata perto da rebentação, local que para mim é o mais perigoso para lidar com este tipo de peixe, dei mais umas maniveladas e já estava a seco, peixe cobrado e podem não acreditar mas o meu parceiro estava mais eufórico do que eu, existem coisas que o dinheiro não paga e esta é uma delas.


Sem tempo a perder isquei de novo a cana e voltei a lançar precisamente no mesmo sitio..
Tudo a pescar e estava na hora de tirar umas fotos para mais tarde recordar.
Com aquela euforia toda decidimos ir fumar um cigarro para descomprimir, e nem tinham passado dez minutos já a minha Daiwa estava a fazer estragos novamente , mas desta vez o bicho era maior até o carreto cantou ZzZzZZZZZZZZzzzzzzzZZZ e cantou bem, o meu parceiro estava incrédulo com toda aquela situação, e eu a correr novamente para a cana, parecia o Bolt mas com botas de borracha, assim que pego na cana e afino melhor o drag percebo logo que era outra rainha mas maior.
Desta vez o peixe só deu luta ao chegar a rebentação como já referi ZONA CRITICA, com muita força de calma lá a consegui tirar de dentro de água, estava a seco o peixe que mais me fez feliz até hoje.



Existem coisas que o dinheiro não paga e estes momentos são a prova disso, a envolvência com a natureza, o companheirismo, o espirito de preservar, entre muitas outras, o dinheiro nunca vai pagar, nunca.

Aqui ficam umas fotos da bicharada...







Bons lances